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"Somos formados e moldados pelos nossos pensamentos. Aqueles cujas mentes são construídas sobre pensamentos altruístas espalham alegria através de suas palavras e ações. A alegria os segue como uma sombra e nunca os abandona.” (Buda)

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ovelhas-telefone, por Jean-Luc Cornec

Nesta era digital, quem não se perguntou pelo destino dos velhos telefones de disco, por exemplo? Bem, muitos terão sido destruídos, outros tantos são quinquilharia perdida, mas, felizmente, há uma réstia desses objetos magníficos na memória coletiva, mais não seja graças a alguns revivalistas e artistas visionários.

Jean-Luc Cornec é um desses artistas. Nascido em Lannilis, pequena localidade do norte de França, estudou na cidade alemã de Frankfurt, onde atualmente reside e trabalha. A sua obra é, pelas suas próprias palavras, um apelo visual de combinação de elementos como o abstrato, o nostálgico ou o arcaico. E é exatamente dessa conjugação que nasce em 2006 um dos trabalhos mais identificativos da sua identidade criativa: 'Ovelhas-Telefone'.

Em Frankfurt, cidade que o acolheu, o Museum für Kommunikation (Museu das Comunicações), o qual exibe vários meios de comunicação, das caixas de correio ao telégrafo, postais, etc., foi o local escolhido para a instalação de Cornec, e não poderia a escolha ser outra.


O artista “esculpiu” ovelhas a partir de antigos telefones, combinando a vida animal e a tecnologia obsoleta, numa analogia genial entre os padrões de comunicação de uma das espécies mais sociáveis do mundo e o Homem, o criador não só desses mesmos telefones, mas também dos próprios conceitos de sociedade e comunicação.

A cabeça e as patas de cada animal são feitas com o aparelho em si, enquanto que o corpo é criado a partir dos fios do mesmo, enrolados sobre uma estrutura metálica, imitando a lã. Algumas das ovelhas parecem alimentar-se, outras estão juntas apenas, formando um rebanho muito realista, havendo até a icónica ovelha negra.

Esta é uma das mostras de arte contemporânea mais imaginativas, inteligentes, inusitadas e bem conseguidas dos últimos anos. A exposição abre o diálogo sobre a importância da arte, do design e da criatividade no que toca à reutilização dos mais diversos materiais, com fins ecológicos e não só.

A manipulação constante destes objetos fora do seu tempo coloca-os num ambiente totalmente novo, dando-lhes uma nova vida e obrigando a uma mudança de perspectiva. Vê-los com uma função que não a tradicional poderá ser a chave para a redução da massa de produtos que a sociedade atual consome e para a elevação ao máximo potencial do que nos rodeia. Por outro lado, dirá a arte contemporânea mais sobre nós do que seria já expectável? Será a escolha destes obsoletos objetos reveladora de um desejo pela simplicidade de outros tempos? Talvez sim, talvez não, para cada um uma resposta, mas a nostalgia está sempre presente.

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