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"Somos formados e moldados pelos nossos pensamentos. Aqueles cujas mentes são construídas sobre pensamentos altruístas espalham alegria através de suas palavras e ações. A alegria os segue como uma sombra e nunca os abandona.” (Buda)

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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pensar é transgredir

Por Lya Luft

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.

Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"

O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação. Sem ter programado, a gente pára pra pensar. Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.

Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.

Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida. Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.

Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos. Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.

Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada. Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado. Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.

Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.

As 10 pinturas mais caras de sempre


O mundo da pintura está recheado de verdadeiros apaixonados que são capazes de gastar fortunas por uma pintura desde ou daquele artista. Das obras que alcançaram os maiores preços de sempre, estão obviamente pinturas de mestres como Klimt, Picasso, Cézanne, Van Gogh, Renoir e outros. Conheça as 10 obras mais caras até à data.

1 - Retrato de Adele Bloch-Bauer, por Gustav Klimt (US $135.000.000)

2 - Rapaz com um cachimbo, por Pablo Picasso (US $104.100.000)

3 - Dora Maar com o gato, por Pablo Picasso (US $95.200.000)

4 - Retrato do Dr. Gachet, por Vincent van Gogh (US $82.500.000)

5 - Bal Au Moulin de la Galette, por Pierre-Auguste Renoir (US $78.000.000)

6 - Massacre dos Inocentes, por Peter Paul Rubens (US $76.700.000)

7 - Auto-Retrato, por Vincent van Gogh (US $71.500.000)

8 - Rideau, Cruchon et Compotier, por Paul Cézanne (US $60.500.000)

9 - Femme aux Bras Croisé, por Pablo Picasso (US $55.000.000)

10 - Lírios, por Vincent Van Gogh (US $53.900.000)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Esculturas com tampões de rodas de automóveis

O valor das coisas não está no fato de serem novas ou velhas, úteis ou inúteis. O valor está no uso que fazemos delas, na forma como as combinamos e no significado que lhes damos. Em termos de construção não existem portanto materiais nobres e materiais pobres mas sim uns mais adequados que outros a uma determinada situação. Se, porém, nos servirmos de materiais já transformados e os reutilizarmos estaremos a acrescentar uma mais-valia ao nosso produto, uma vez que lhes damos novos usos e significados sem que haja desperdício. Esta parece ser a perspectiva de Ptolemy Elrington ao criar as suas esculturas de animais com tampões de rodas de automóveis.



Ptolemy Elrington procura deliberadamente objetos abandonados, lixo ou ferro-velho e procura ver neles algo mais do que aquilo que são. Picasso foi talvez o primeiro a fazer isso com a sua surpreendente cabeça de touro, de 1943, criada através da junção de um guiador e de um assento de bicicleta. Ptolemy, porém, fixou-se em objetos mais modernos e mais industriais: tampões de rodas de automóveis. E, apesar de se poder encontrar uma grande variedade destes objetos usados, não é isso que retira criatividade e sentido estético ao seu trabalho.




A gente se acostuma

Por Marina Colassanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Pensamento do dia: 20/05/2010

"A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre."
[ José Saramago ]

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Julian Beever - Arte com giz

Todos já devem ter visto os desenhos de Julian Beever, um artista inglês de chalk art (arte com giz) que cria desenho tridimensionais utilizando giz como material.

É um trabalho que se utiliza da técnica de projeção conhecida como anamorfose. Esta técnica cria uma ilusão de ótica 3D quando a imagem é vista a partir de determinado ângulo.


Seus desenhos são minuciosamente projetados e milimetricamente executados. Pura matemática. Em média, o artista leva cerca de três dias para completar uma obra.

Ele trabalha para várias empresas como freelancer, criando murais em campanhas promocionais. Já visitou vários países, tais como: Reino Unido, Bélgica, França, Alemanha, Áustria, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Austrália, Brasil e Portugal.

Veja abaixo algumas imagens desse artista frequentemente chamado de Pavement Picasso











Pensamento do dia: 19/05/2010

"É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não vencem, que não conhecem a dor da derrota, nem a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se perante Ele, por terem apenas passado pela vida."
[Bob Marley ]

A Filosofia Patrística


Patrística é o nome dado à filosofia cristã dos primeiros sete séculos, elaborada pelos Pais da Igreja, os primeiros teóricos —- daí "Patrística" —- e consiste na elaboração doutrinal das verdades de fé do Cristianismo e na sua defesa contra os ataques dos "pagãos" e contra as heresias.

Foram os pais da Igreja responsáveis por confirmar e defender a fé, a liturgia, a disciplina, criar os costumes e decidir os rumos da Igreja, ao longo dos sete primeiros séculos do Cristianismo. É a Patrística, basicamente, a filosofia responsável pelo elucidação progressiva dos dogmas cristãos e pelo que se chama hoje de Tradição Católica.

A Patrística divide-se geralmente em três períodos:

* até o ano 200 dedicou-se à defesa do Cristianismo contra seus adversários (padres apologistas, como São Justino Mártir, etc.).
* até o ano 450 é o período em que surgem os primeiros grandes sistemas de filosofia cristã (Santo Agostinho, Clemente Alexandrino, etc.).
* até o século VIII reelaboram-se as doutrinas já formuladas e de cunho original (Boécio, etc.).

Para ver em tamanho maior, clique na imagem.

A águia e a galinha

Por Leonardo Boff

Esta é uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana, narrada por um educador popular, James Aggrey, nos inícios deste século, quando se davam os embates pela descolonização. Oxalá nos faça pensar sempre a respeito.

"Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia.

Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha. Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.
- De fato, disse o homem.- É uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras.
- Não, retrucou o naturalista.- Ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
- Não, ela virou galinha e jamais voará como águia.

Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!

A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.

O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não, tornou a insistir o naturalista. - Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:

- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!

Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi parar junto delas. O camponês sorriu e voltou a carga:
- Eu havia lhe dito, ela virou galinha!
- Não, respondeu firmemente o naturalista. - Ela é águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e
dourava os picos das montanhas.

O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:

- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!

A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte.

Foi quando ela abriu suas potentes asas.

Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada vez mais para o alto.

Voou. E nunca mais retornou."

Existem pessoas que nos fazem pensar como galinhas. E ainda até pensamos que somos efetivamente galinhas. Porém é preciso ser águia. Abrir as asas e voar. Voar como as águias. E jamais se contentar com os grãos que jogam aos pés para ciscar.”

Extraído de artigo publicado pela Folha de São Paulo, por Leonardo Boff, teólogo, escritor e professor de ética da UERJ.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Pensamento do dia: 18/05/2010

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
[ Clarice Lispector ]

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Biológicas, Exatas e Desumanas

Por Rosana Hermann

Não terei tempo de procurar na rede o nome do culpado pela divisão das disciplinas de educação em três vertentes, mas de alguma forma o conhecimento formal ficou dividido em ciências biológicas, ciências exatas e ciências humanas. Acho lindo que tudo seja tratado de forma cientifica e organizada mas temo que esta tripartição não tenha sido um bom negócio, especialmente hoje, vendo que duas pernas se desenvolveram e uma ficou atrofiada. O homem passeia em Marte com seu robô e envia imagens ao vivo, com exatidão tecnológica surpreendente. Aqui na Terra, clona-se seres vivos e as esperanças de cura se renovam com o desenvolvimento de pesquisas com células-tronco. O tripé do conhecimento desenvolveu pernas longas e bem torneadas para as exatas e biológicas. Infelizmente, com o crescimento das outras duas, a terceira perninha, as ciências humanas, que incluem coisas como a filosofia e a ética, ficou ali, atrofiada e penduradinha como um bilauzinho no inverno polar. E isso, tem tudo a ver com a crise humana do mundo atual.

Estamos todos mais grotestos, mais rudes, mais estúpidos. Somos bem informados mas nos tornamos ignorantes. Temos automóveis com GPS mas dirigimos como trogloditas neuróticos. Viajamos pelo mundo inteiro mas temos preguiça de procurar o baldinho de lixo para jogar o papelzinho da bala. A falta de finesse é geral. Isso tudo, se não for coisa do demo, se não for a prova definitiva de que o projeto ‘ser humano’ não deu certo, só pode ser atribuído à falta de atenção que demos às ciências humanas, justamente aquelas mais sutis, que não dependem de equações, que não se baseiam nas medições matemáticas e não podem ser testadas em laboratório.

O vórtice vicioso que nos suga ralo abaixo passa por todas as estatísticas de descaso com as disciplinas que podem desenvolver o refinamento das pessoas. Não existem empregos para filósofos, sociólogos, pedagogos, historiadores, cientistas sociais. E, por não ter mercado, os estudantes não optam por estas matérias na hora de fazer o vestibular. Como a procura é pouca, há poucos cursos e etc. e tal.

O que fazer? Bem, esta é uma resposta para as ciências humanas também. Quem tiver sobrevivido na área terá que formular as soluções para esta crise de humanidade que vivemos hoje. Não sei onde o flower power murchou, onde o amor livre foi preso ou como a vida em fazendas cooperativas se transformou nesse mar de prédios de escritórios neuróticos baseados na competição. Só sei que temos que voltar até a bifurcação onde tomamos a trilha errada. Nesta trilha, ansiedade e depressão nos matam, o estresse e a má alimentação engordam, a ira destrói toda nossa capacidade de sentir e amar.

Eu, lentamente, comecei a voltar. E adoraria contar com todas as pessoas de bem, os irmãos de fé, os companheiros de jornada, os camaradas de ideologia, os humanos de coração, para um grande encontro de volta naquele velho ponto da bifurcação. Onde um dia, alguém colocou uma flor no cano de uma carabina.

Humanos, uni-vos!

A Escola de Alexandria

No final da antiguidade a cidade de Alexandria era a maior cidade do Egito, assim como um importante centro econômico e cultural em relação às demais comunidades mediterrâneas. A riqueza dos homens daquela cidade ajudou a fazer daquela cidade um local propício para o cultivo do saber. A famosa biblioteca de Alexandria conhecida como Museu, tinha um acervo de aproximadamente 700 mil manuscritos e muitos filósofos instalaram-se na cidade transmitindo a essência do pensamento grego. Em Alexandria fervilhavam diferentes crenças. Conviviam ali o judaísmo, o cristianismo, o politeísmo dos romanos e de outros povos.

O primeiro pensador importante da Escola de Alexandria foi Tito Flávio Clemente, conhecido como Clemente Alexandrino. As primeiras obras de Clemente foram o Protréptico, o Pedagogo e Strômata (ou Miscelânea), textos cujo principal objetivo era dirigir o comportamento dos cristãos segundo os preceitos da fé e da vontade de Deus.

Pensamento do dia: 17/05/2010

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
[ Charles Chaplin ]

Orígenes

Foi o mais importante discípulo de Clemente, assim como o maior pensador da Escola de Alexandria foi Orígenes. A base da sua filosofia se encontra na doutrina cristã conforme exposta pela igreja. O filósofo dizia que Cristo é a fonte de Luz e que a Igreja reflete essa luminosidade, assim como a lua brilha porque é iluminada pelo sol. Ele sustentava que fora da igreja não é possível encontrar salvação, felicidade e encontro com Deus. Conforme Orígenes, o alicerce da Igreja consistia na autoridade que Cristo teria transmitido aos apóstolos no momento em que fundou a Igreja. Essa autoridade, por sua vez, seria transferida ao longo dos séculos por meio da religião cristã como se ela fosse um patrimônio que se transmite às gerações futuras na forma de uma herança espiritual. Dessa forma, desobedecer à tradição cristã significa cair em erro; não fazer parte da Igreja significa caminhar na escuridão. Na encíclica de João Paulo II há um texto que expressa as mesmas concepções de Orígenes. Observe:
“Na base de toda reflexão feita pela Igreja está a consciência de ser depositária duma mensagem, que tem a sua origem no próprio Deus. O conhecimento que ela propõe ao homem não provém de uma reflexão sua, nem sequer da mais alta, mas de ter acolhido na fé a palavra de Deus.”

A igreja, que se desenvolveu a mesmo tempo em que o poderio de Roma era destruído de forma definitiva, absorveu a idéia romana da autoridade e veio a se organizar de forma semelhante à da civilização romana, especificamente em termos de sua autoridade diante do mundo. Grande parte da obra de Orígenes é dedicada à interpretação da Bíblia e à defesa da fé cristã.

Santo Ambrósio – O estadista da Igreja

“O imperador está na Igreja, não acima dela”

A principal contribuição de Santo Ambrósio para o pensamento cristão foi estabelecer com firmeza as ligações entre o Estado (o Império) e a Igreja. Tornou-se necessário determinar como as duas instituições deveriam se relacionar, pois o cristianismo já exercia na sua época, no início da Idade Média, uma influência significativa na política. O Estado passara a depender do grande poder moral e espiritual que os padres (especialmente os bispos) exerciam sobre os cidadãos.

Santo Ambrósio foi talentoso em sua atuação como líder da igreja e hábil político. Escreveu várias cartas para os diferentes governantes que administravam o império nas quais dava conselhos, fazia reivindicações para a Igreja e os cristãos e os advertia para que eles se portassem segundo a moral cristã. A justificativa utilizada por Santo Ambrósio para exercer sua autoridade de intervir nos assuntos de Estado provinha de sua condição de representante da Igreja fundada por Cristo e, portanto, ser mediador entre Deus e os assuntos humanos; como bispo, ele era instrumento por meio do qual as bênçãos ou condenações divinas eram aplicadas.

Segundo ele, assim como todo cidadão devia prestar serviço militar, o imperador da mesma maneira deveria submeter-se à verdade revelada por Deus. Santo Ambrósio aceitava a autonomia do imperador para governar, mas avisava que se ele exigisse dos cristãos que agissem de maneira contrária aos ensinamentos de Cristo, não encontraria mais na Igreja o reconhecimento de ser ele homem digno de receber as bênçãos de Deus.

A esculturas de Jennifer Maestre

Caso você não tenha visto ainda essas esculturas, elas são incríveis. Jennifer Maestre consegue criar esculturas de lápis fantásticas usando centenas de lápis e muita paciência. O resultado é impressionante, o mix de cores e as formas são mesmo muito legais. Dê uma olhada!

"Para fazer as esculturas de lápis eu pego centenas deles, corto-os em partes de 2,5 ou 3 cm, faço um furo em cada parte (para que possa encaixá-los), aponto e começo a montar. Me inspiro em animais, plantas, arte em geral, Ernst Haeckel, Odilon Redon, mitologia. Na verdade, não é fácil especificar uma fonte particular de inspiração. Algumas vezes uma escultura me inspira para fazer a próxima, ou então cometo algum erro que me faz mudar de direção."

Visite também o site da artista: http://www.jennifermaestre.com